Maquetes bem-feitas confundem drones e forçam desperdício de munição por parte do inimigo.
Num conflito onde cada míssil conta, a criatividade virou arma. A Ucrânia, apoiada pela força-tarefa Kindred do Reino Unido, está usando tanques fictícios, bonecos e armas cenográficas como estratégia oficial de guerra para enganar as tropas russas. A ideia é simples e engenhosa: forçar o inimigo a desperdiçar munições e drones contra alvos falsos, impressos em 3D ou montados com materiais improvisados.
De acordo com o coronel Ollie Todd, líder de compras da missão britânica, a equipe responsável consegue replicar em tempo recorde modelos quase idênticos de tanques Challenger 2 e sistemas AS-90, ambos em falta. “Eles se parecem com a coisa real. Você pode ser facilmente enganado”, afirmou.
A lógica é matemática: se cinco veículos reais forem enviados, até 30 alvos falsos acompanham a tropa. Essa proporção cria uma cortina de fumaça tática que dificulta o reconhecimento inimigo, mesmo por satélites e drones de alta precisão.
O comandante da Força Aérea Real, Lowry Simner, explicou que os russos já estão mais treinados para detectar infláveis ou estruturas frágeis, por isso novas técnicas de simulação e impressão estão sendo adotadas. O sistema antiaéreo Stormer, por exemplo, foi escaneado e copiado em poucos dias.
Além das réplicas britânicas, voluntários ucranianos também improvisam armas falsas com sucata, recriando lançadores de foguetes e artilharias para proteger unidades verdadeiras. Com o aumento da pressão militar russa e o esgotamento de estoques, a arte da ilusão se tornou essencial à sobrevivência em campo.
A nova frente da guerra não é apenas física — é psicológica, visual e estratégica, e os bonecos de guerra agora são soldados invisíveis nessa batalha de percepções.